tag:blogger.com,1999:blog-83051524435332495872024-03-08T06:03:26.043-03:00All The Lonely PeopleWhere do they all come from?
All the lonely people, where do they all belong? ♫Unknownnoreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-86922627254590864662014-07-07T00:04:00.000-03:002014-07-07T00:13:11.464-03:00A Morte das Expectativas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela
estava linda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele não estava preparado para vê-la, ainda mais tão
linda. O coração apertado, o nó na garganta, o fizeram perceber o quanto sentia
falta dela. E ela, cruelmente indiferente, conversava e ria feliz em uma
rodinha de amigos, já meio vermelha graças a duas capirinhas. Ele suspirou,
sentindo que morreria pela oportunidade de fazê-la rir daquele jeito, e teve
ciúmes de todos aqueles que tinham o direito de conversar e se divertir com ela
sem que isso gerasse situações constrangedoras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sentiu-se tentado a se juntar na rodinha de amigos, mas conteve-se. Ele sabia que o tempo deles havia passado. Sabia que a havia
magoado, e que ela não iria querer falar com ele. E percebeu, com o aperto no peito
se intensificando, que ela seguira com sua vida e estava feliz, talvez até mais
do que quando eles estavam juntos. Assim, fez o contrário do que queria seu
impulso: sentou-se de costas para ela, numa tentativa de evitar ficar encarando-na,
pediu um chopp e tentou genuinamente divertir-se, mas as gargalhadas vazias
apenas ecoavam seu vazio interior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele se enganara, no entanto, ao achar que ela não havia lhe
notado. Ao contrário, ela bateu os olhos nele assim que ele chegara, pois
estava virada para a porta. Seu estômago se revirou e suas pernas ficaram
bambas enquanto ele abria um sorriso radiante para cumprimentar um amigo.
Fingiu não notá-lo, porém, pois não queria demonstrar o quanto estava
perturbada com sua presença. Mas por mais que se fizesse de indiferente, seu
coração parecia uma escola de samba quando percebeu que ele a encarava. E ela
ria forçadamente, de alguma piada que não tinha ouvido direito, enquanto se
perdia em um conflito interno entre ir falar com ele ou esperar que ele viesse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas, afinal de contas, <i>ele </i>a havia magoado, <i>ele </i>é
quem devia vir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela esperou. Ele não foi. Sentou-se de costas, como se
quisesse mostrar o quão desimportante ela era. Ela mordeu os lábios, segurou as
lágrimas e pediu mais uma caipirinha, tentando preencher com álcool o vazio que
a expectativa lhe deixara.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os dois voltaram para a casa aquela noite desiludidos, carregando
nos ombros toda a carga de saudade deixada pelos bons momentos, oprimida pela mágoa
que foi deixada pelos ruins, e ainda repleta de assuntos mal resolvidos. E assim,
celebrou-se a vitória da covardia e da falsa indiferença sobre a sinceridade e
a possibilidade de reconciliação, terminando com a morte de tudo de bom e de
ruim que poderia ter sido. Ao menos naquela noite.<o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-64837688294854187042013-08-26T22:20:00.000-03:002013-10-19T18:52:17.887-03:00Amor?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De um lado da rua vinha essa alma, que era colorida, bem delineada, sorridente e solitária, muito solitária, por opção e por medo. Ninguém sabia de suas motivações. Ninguém entendia o que lhe fazia sorrir e o que lhe fazia chorar, nem porque era feliz sozinha, nem porque queria continuar assim. Ninguém entendia, e por isso ela continuava solitária, e por isso todo mundo continuava sem entender.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Do outro lado da rua vinha outra alma, que era obscura, indefinida, melancólica e solitária, muito solitária, porque sempre procurava companhia e frustrava-se em nunca encontrá-la. Ninguém sabia de suas buscas. Ninguém entendia o que lhe fazia sofrer e o que lhe fazia feliz, nem porque era tão insegura, nem porque precisava tanto de outrem. Ninguém entendia, e por isso ela continuava solitária, e por isso todo mundo continuava sem entender.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não é como se essas duas almas fossem as metades de uma laranja. Não, elas eram completas e complexas, cada uma com seu próprio timbre, sua própria doçura e seu próprio amargor. Elas eram inteiras e lotadas, e carregavam muita bagagem. Tanto que mal cabiam em si mesmas. E eram inteiras inclusive em sua própria solidão.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas quando elas se cruzaram, cada uma olhou para a outra e percebeu que essa outra também lhe enxergava. E o que elas viram foi compreensão. Elas não eram iguais, nem complementares, e certamente não eram perfeitas, mas se compreendiam mesmo em suas incompatibilidades, e talvez fossem as únicas capazes de se compreender.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Seria essa a resposta para sua solidão? Talvez. Mas o momento passou e cada uma seguiu seu caminho, e elas jamais coexistiram novamente.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-78742845750692253672013-05-17T21:44:00.000-03:002013-10-19T18:44:26.023-03:00Rotina<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Minhas tardes eram todas iguais. Mal eu punha
os pés na sala, já era recebida por aquele “bom dia!” super empolgado, aquele
“tudo bem?” respondido no automático e aquele abraço apertado. Usualmente
morrendo de sono, ia arrastando os pés para qualquer canto onde houvesse uma cadeira decente para chamar de minha. Havia uma espécie de competição
de arremesso de bolsas: ganhava quem primeiro pusesse a sua no lugar
pretendido. A isso se seguia a competição de quem tem mais material para
espalhar em volta e guardar o lugar dos amigos. Sempre igual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Depois de garantido o lugar, migrava para a região onde o grupo estivesse
aglomerado ou ia conversar com alguém isolado, dependendo do meu estado de espírito.
Falávamos sobre os episódios das séries da semana. Trocávamos ideias sobre bons
livros, bons filmes e boas músicas. Tentávamos obrigar os outros a lerem ou
assistirem o que gostávamos, porque queríamos ter com quem comentar. Tínhamos
opiniões diferentes sobre tudo. Sempre nos envolvíamos em discussões
filosóficas, conversas inteligentes, conversas idiotas e brigas, muitas brigas,
quase sempre desnecessárias. Às vezes tudo isso ao mesmo tempo, na mesma
rodinha de conversa. Sempre aos gritos. Sempre terminando em piadas que seriam
repetidas à exaustão pelos próximos anos independente da qualidade. Sempre
igual.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Quando o professor se atrasava,
ficávamos contando os segundos para podermos considerá-lo ausente e então
fugíamos para o shopping, onde todo mundo emprestava dinheiro para todo mundo
comprar comida, e eu muitas vezes gastava mais do que deveria. Nunca deixávamos
de passar na livraria, caçando relíquias e comentando sobre as coisas que
queríamos comprar. Nos espremíamos em volta das mesas redondas da praça de
alimentação e passávamos horas falando sobre quase nada de útil. Sempre igual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Ficávamos andando sem rumo nos
intervalos, e às vezes íamos comprar chocolate só para ter o que fazer. Depois sentávamos
em um cantinho aleatório e conversávamos sobre qualquer coisa todo o resto do tempo. Discutíamos muito, ríamos muito, falávamos de tudo e trocávamos muitas confidências. Sempre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Reuníamo-nos para discutir os
trabalhos e tínhamos que nos esforçar para manter o foco. Eu levava broncas por
ficar me afligindo, e distribuía broncas nos outros por não ficarem.
Discutíamos incessantemente, pedíamos a opinião de todo mundo, perguntávamos
para quem já tinha feito, e dificilmente chegávamos a um acordo que deixasse a
todos contentes. Sempre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Sempre havia com quem tirar dúvidas
nos momentos de aflição, seja nas questões de física ou nas existenciais.
Sempre havia com quem conversar sobre absolutamente qualquer coisa. Sempre havia
alguém que entendia aquela piada bastante específica. Sempre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">E
outra coisa que sempre fazíamos era reclamar. Reclamávamos da rotina.
Reclamávamos dos professores. Reclamávamos dos trabalhos. Reclamávamos das
pessoas. Reclamávamos da universidade. Reclamávamos. Dissemos um milhão de vezes que
não víamos a hora de acabar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Mas é fácil reclamar quando se tem
tudo isso todos os dias. Quando temos
que passar todas as tardes da semana durante mais de quatro anos ao lado das
mesmas pessoas, fazendo praticamente a mesma coisa, em um curso que não
gostamos, é mais do que natural ligar no modo automático e deixar de dar valor
mesmo a parte boa daquilo que se vive diariamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">O curso acabou, mas continuo vivendo uma rotina maluca e infeliz. A principal diferença entre a de agora e a de antes é que não tenho mais aquele grupo de pessoas com quem dividi-la. Posso ver, finalmente, que esses mais de quatro anos da minha vida
presa na mesmice infinita não foram uma completa perda de tempo por causa
das pessoas com quem os compartilhei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Nunca gostei de finais, mas nesse
caso, era para ser diferente. Mal podia esperar para me formar desde antes de chegar ao
meio do curso. Minha aversão a encerramentos, no entanto, voltou com força total agora que atingi o objetivo. Me lembrei de que, todo fim, por mais esperado
que seja, tem seu lado negativo. </span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Esse lado negativo chama-se “Saudade”.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com1República Federativa do Brasil-29.840643899834411 -52.03125-59.831439399834409 -93.339844 0.15015160016558937 -10.722656tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-15313594449033105542013-03-30T22:37:00.000-03:002013-10-19T18:45:29.976-03:00Hipertensão<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Ficava o tempo todo remoendo as mesmas cenas em sua mente. Às vezes, evocava-as voluntariamente, para checar se os sentimentos que despertavam continuavam os mesmos, para tentar separá-los, diferenciá-los, estudá-los e entende-los. Outras vezes, no entanto, ocorria o oposto: de tanto se esforçar para pensar em outra coisa, as memórias irrompiam de seu inconsciente e não admitiam ser ignoradas, e ela, pega de surpresa, logo se perdia no turbilhão de sentimentos que vinham associados.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Não ajudava que o cheiro dele estivesse sempre tão presente em volta de si. Suas mãos, seus cabelos, seu casaco recendiam tanto aquele perfume que, se ela fechasse os olhos, poderia imaginar-se de novo abraçando-o, poderia sentir de novo a pressão tímida dos seus lábios sobre os dela... seus devaneios não tinham fim, e ela perdia-se imaginando as coisas que foram ou que poderiam ter sido.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Seu coração respondia a essas imagens acelerando e comprimindo seu peito, tornando quase difícil respirar. Seu estômago se revirava desconfortavelmente. E ela tentava desesperada tirar as cenas de sua cabeça.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Estaria doente? Talvez irremediavelmente perdida? Ou apenas sendo ridícula? Sentia, com todo o seu bom senso, que a última opção era a mais provável. Não sabia, porém, o que poderia ser feito a respeito.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Resolveu que faria o possível para ignorar tudo isso. Levantar-se-ia todos os dias de manhã, iria para aula, trabalharia, voltaria para a casa e iria dormir procurando sempre ocupar sua mente com frivolidades, de forma que a rotina acabasse afogando tudo de incompreensível e surpreendente que havia dentro de si, como já havia feito tantas vezes de forma involuntária. E quando aquelas perturbações afluíssem de novo, ela as enfiaria em um poço no fundo de sua mente e jogaria uma camada grossa de tédio por cima, mais dura e resistente que qualquer cimento, de forma a suprimi-las por completo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Já estava há algumas semanas sendo bem sucedida neste plano suicida, quando aconteceu algo com que não estava contando em seu cronograma enfadonho. Mais breve do que esperava, e muito antes de estar preparada, foi topar justamente com seu queridíssimo agente etiológico no meio da rua.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">No começo, parecia que ela conseguiria sair da situação com alguma dignidade. Ao bater os olhos nele, tudo o que sofreu foi um frio na barriga. Então ele sorriu. Um sorriso espontâneo, de pura alegria por encontra-la. Brilhante, aberto, convidativo, lindo de morrer.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Seu sangue ferveu. Seu estomago começou a se revirar feito roupa na centrífuga. Taquicardia, insuficiência respiratória, alucinações olfativas, memórias há muito reprimidas, tudo isso veio de uma só vez, levando-a a uma loucura momentânea. Lágrimas surgiram em seus olhos e logo evaporaram, pois seu rosto estava ardendo em febre. Suas pernas tremeram, e ela achou que fosse cair, mas no entanto ria, porque na verdade estava feliz como quase nunca tinha estado em sua vida.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">E seu coração permanecia acelerado, se recusando acalmar-se, se recusando calar-se, sapateando de alegria e paixão em seu peito irrequieto como nunca se viu. E ele acelerou até ficar insuportável, insustentável, até simplesmente não caber mais em si e começar a inflar – sem nunca parar de dançar - até romper os ossos do tórax e saltar do peito, rumo a liberdade. E ela ainda teve tempo de sorrir de volta, um sorriso que rasgou sua face de orelha a orelha, antes de literalmente explodir de amor, espalhando suas entranhas apaixonadas pela rua, contaminando alegremente o mundo inteiro com sua doença.</div></span></span>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-12617959463627196452012-12-28T00:07:00.000-03:002013-10-19T18:52:46.384-03:00Pretérito Imperfeito<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Oi,<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Eu tenho
pensado em você e acho que te devo desculpas. Ao repassar em minha mente
algumas de nossas discussões corriqueiras, percebo que eu estava errada sobre
muitas coisas. Lembro-me o quanto você reclamava do meu jeito desconfiado, cauteloso,
controlador, incapaz de deixar as coisas simplesmente acontecerem. Incapaz de arriscar.
Eu sempre tive a percepção de que a minha vida poderia ter sido totalmente
diferente se eu não fosse desse jeito, mas você me fez sentir tudo o que eu
estava perdendo. Se teria sido melhor agir de outra forma, só Deus sabe, mas ao
menos - eu tenho certeza - haveria menos arrependimento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Fui traída por
minha própria natureza desde o início da nossa convivência. Eu dizia <i>não</i> quando sentia que <i>talvez</i> e <i>talvez </i>quando sentia que <i>sim</i>.
Precisava de toda uma análise da situação antes de embarcar em cada avanço que
você propunha. E você, sempre corajoso, sempre a minha frente, teve toda a
paciência do mundo com meus passinhos de bebê. Eu gostava de ir com calma. Gostava de esperar
até ter certeza. Dizia a mim mesma que era o jeito mais sábio de agir. Confiava
que, com tempo, as coisas se resolveriam. Naquela época, tínhamos todo o tempo
do mundo...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E por minha
causa, perdemos tanto tempo! Se ao menos eu tivesse sido um pouco mais
negligente com o trabalho e menos com você, se tivesse te dado mais atenção, se
tivesse te agradado mais, feito mais as suas vontades, cedido mais, discutido
menos... soubesse eu o que ia acontecer, teria saído mais contigo, te ouvido
mais, te abraçado por mais tempo... Poderia ter sido menos tímida ao
corresponder às suas manifestações de carinho. Poderia ter te dito sim desde o início. Poderia
ter tido a coragem de me deixar envolver por todo aquele amor que você sentia
por mim, assumindo assim o risco de te deixar realmente entrar na minha vida.
Se não tivesse sido tão cautelosa, poderíamos ter tido uma grande história.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Agora eu não
sei mais como te encontrar. Vou ao parque em que costumávamos caminhar esperando
que você surja a qualquer momento detrás de uma árvore e me dê um susto. Fico
parada em frente ao seu prédio, só para ter aquela sensação de que você está
vindo me encontrar. Vou aos bares que a gente frequentava, sento nos nossos
lugares de costume e fico te esperando... tenho inclusive bebido demais, porque
você nunca aparece. Releio todos os seus bilhetes que tenho guardados, só para
ouvir sua voz na minha cabeça. E as vezes, eu ainda te ligo, na esperança de
que você me atenda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Essa é minha única
felicidade agora: ficar tentando te trazer de volta. Dói saber que o máximo que
eu jamais vou conseguir é te evocar nessas lembranças cotidianas e dolorosas.
Mas o que dói mais que tudo, aquela ferida que nunca deixa de se renovar, é o
conhecimento de que você se foi sem jamais saber o que eu realmente sentia. Eu
mesma, devido a essa fobia absurda disfarçada de cautela, só fui descobrir
agora, quando todo o amor é em vão, que eu realmente o amava. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Amo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">Perdoe-me por
ser tão covarde,</span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">Aquela que
queria ter sido sua.</i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-90783634181880426232012-10-26T19:43:00.000-03:002013-10-19T18:46:54.279-03:00O Imperador<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Inalcançável, após o Mar infinito, encontrava-se
aquela linha mágica em que o céu se une a Terra, obscurecendo todas as questões
mais profundas da humanidade. <o:p></o:p></div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Na outra extremidade do Oceano,
estavam os olhos do menino: dois buracos negros brilhantes e curiosos, expressões
de uma alma inquieta. Contemplavam a linha mágica com completo fascínio,
sentindo que toda a sua vida finalmente faria sentido se apenas pudessem alcança-la.
O menino não sabia que era impossível. Sabia, é claro, que não se podia chegar
de navio, pois se correria o risco de cair infinitamente nas cataratas do fim
do mundo. O jeito, ele matutava, era voar. <o:p></o:p></div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Quanto mais pensava nisso, mais
desesperançado ficava, pois como poderia voar? E quanto mais desesperançado se
sentia, mais tentador o lugar parecia. Tentou escapar do transe fechando os
olhos. Encheu os pulmões com maresia, sentiu respingos salgados atingirem suas
bochechas e deixou seu corpo relaxar. Quando estava mais tranquilo, abriu de
novo os olhos e foi pego de surpresa pela força magnética do horizonte. Essa
força fê-lo inclinar-se para frente de forma involuntária, e como estivera empoleirado
em um promontório, caiu. Antes mesmo de perceber que estava no ar, viu se
pairando sem ter nada abaixo de seus pés, como se não existisse gravidade.
Entrou em pânico e começou a agitar os braços desesperado, dando uma ré e
despencando dolorosamente no promontório. Tudo isso em um décimo de segundo.<o:p></o:p></div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Com o seu sistema inundado de adrenalina, ele tentava entender o que acontecera. Em sua mente infantil,
não parecia provável que tivesse sido sua imaginação. Voltou a borda do promontório
e olhou para baixo. Sentiu vertigem pensando na queda. Mas foi só fitar novamente o horizonte para o coração saltar cheio de esperança e um sorriso chegar aos seus olhos. Agora
sabia que era capaz.<o:p></o:p></div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Assim, deixou-se cair novamente,
tremendo de medo dos pés a cabeça, mas sem nunca tirar os olhos do além-mar.
Aquela foi a força que lhe permitiu ficar no ar pelos primeiros instantes. No
começo, agitava os braços de forma frenética e desesperada, sentindo-se cada
vez mais pesado conforme se afastava da Terra. Nos primeiros minutos, foi aterrorizante
e muito cansativo. Mas depois começou a pegar o jeito. Balançava os braços mais
devagar, em um movimento rítmico. Logo, o vento deixou de ser seu inimigo e se
tornou sua principal ferramenta. Seus braços transformaram-se em asas e todo o
seu corpo ganhou penas exuberantes. Ele não tinha mais mãos e pés, mas não
precisava. Agora, cheio de confiança, já conseguia dar cambalhotas e sentia-se
capaz de olhar para baixo. <o:p></o:p></div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Não existiam fronteiras naquele
mundo, nem propriedades, nem Estados, nem leis e nem guerras. Os outros
pássaros a sua volta cantavam felizes, fazendo algazarra. Ele aprendeu a cantar
também. Sentia-se feliz como um humano não era capaz de ser. A paisagem em volta
de si era surreal. O mar estendia-se por toda a vida, e o Sol fazia as águas
cintilantes se tornarem um verdadeiro espetáculo. Atrás, ficara todo o seu
medo, e a frente estava o horizonte, indefinidamente inalcançável. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;"></span></div></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-27519969095436018772012-10-02T23:51:00.000-03:002013-10-19T18:47:05.224-03:00Honra Ordinária<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Seus olhos se abrem. Não querem,
mas se abrem.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Um suspiro involuntário manifesta
a frustração de sua alma por ter o descanso interrompido. A mão direita tateia
o criado-mudo, procurando cegamente desligar o berro matinal do espirito
agourento que mora ali em cima. Por um momento, parece impossível se mexer mais
que isso. No momento seguinte, o sentimento piora. O mundo inteiro está sentado
em seu tórax, comprimindo-o sobre a cama, fazendo com que cada fibra de seu ser
proteste contra o ato de levantar.<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Mas há algo que o impede de ficar
estático. Algo como o senso de honra de um cavaleiro arturiano. Sua honra não
lhe permite permanecer deitado, tanto quanto a honra de Sir Lancelot não o
permitiria entrar com vantagem em um combate.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Isso, no entanto, não é bem
verdade, ou é? Sir Lancelot, afinal de contas, era o melhor cavaleiro do mundo,
portanto sempre estaria com a vantagem. Assim como nosso guerreiro, apenas por
ser quem é, não poderia agir de outra forma que não se pôr de pé e seguir a
vida. Talvez não seja certo então falar em honra, já que não existe realmente
uma escolha.</div></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">
Contudo, quando ele enfim
consegue se sentar e sente o Mundo sendo transferido do tórax para os ombros, a
vontade de desistir é arrasadora. Opressiva. Esmagadora<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Assim, não deixa de ter um quê de heroísmo o
ato de finalmente pôr o peso do corpo sobre os pés no chão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">E então, heroicamente, ele
levanta. Estoicamente, ele vive.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Deixa sua fortaleza arrastando os
pés com mais ou menos o mesmo ânimo de um cadáver, pronto para passar por mais
um dia que, como boa parte de todos os outros, não fará a menor diferença no
resto de sua vida.
<o:p></o:p></div></span></span></div></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-72788915577001900882012-08-08T01:40:00.000-03:002013-10-19T18:47:46.681-03:00Ficção<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Pelos últimos dez minutos em que João
esteve olhando para fora, nenhuma alma viva passou na rua. A eletricidade havia
sido cortada bruscamente em todo o bairro, de modo que a única fonte de luz lá
fora era a lua, enorme e redonda. Dentro do apartamento, João contava com uma
vela. Passara algum tempo se divertindo queimando coisas, já que não tinha nada
para fazer com a luz cortada. Parou quando a tampinha da Coca-Cola já estava
escorrendo viscosamente pela mesa, fazendo uma bagunça que ele não se atreveria
a limpar até que a eletricidade voltasse.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Um gato qualquer miou, alguns cachorros da rua
latiram, e ele, com um sobressalto, afastou-se da janela. Suspirou, alongou o
pescoço e resolveu que deveria arranjar alguma coisa para fazer, já que não
parecia que a luz ia voltar tão cedo.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Estivera estudando antes de tudo escurecer, e suas
coisas ainda estavam espalhadas em cima da mesa. Puxou um caderno e uma
lapiseira para perto da vela. Começou a fazer uns rabiscos, depois resolveu
escrever um conto. Não sabia exatamente sobre o quê, apenas tinha se empolgado
com a ideia de escrever a luz de vela, como naqueles filmes de época.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Uma personagem foi surgindo. Mulher jovem, com os
cabelos pretos presos num coque bagunçado, vestindo moletom de domingo. Estava
estirada no sofá da sala, com o notebook no colo; ela também escrevia um conto,
que pretendia publicar em seu blog com o nome de Molly. Usava vários nomes diferentes
ao assinar seus textos, e essa era apenas uma de suas esquisitices.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Ela costumava escrever mais antigamente, mas esse
ano tinha pouquíssimo tempo para isso. Há cerca de seis meses, a preparação
para o vestibular vinha lhe tomando basicamente todas as suas horas. Além
disso, sua amiga estava há mais de um mês no hospital, correndo risco de vida.
Toda a família dela lhe era querida, e todos estavam, obviamente, aflitos. Era
horrível a sensação de não poder fazer nada a respeito. Nessas crises, Molly
sempre era assolada por uma série de questões existenciais, sobre fé, religião,
esperança e essas coisas. Isso tudo contribuía para que ficasse ainda mais
deprimida, e somava-se com a culpa por estar desviando a atenção do que deveria
ser sua prioridade: o vestibular. E ao mesmo tempo, não queria ser o tipo de
pessoa que consegue ficar focada nos estudos, impassível enquanto seus amigos
estão em profundas aflições. Tudo muito confuso.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Escrever sempre fora sua válvula de
escape, mas há quase seis meses não conseguia encontrar tempo para sentar em
frente ao computador e construir um texto do começo ao fim (embora, em sua
mente, nunca deixasse de fazê-lo). Só que naquela tarde, a necessidade ficou
muito grande. Mesmo não tendo tempo, mesmo fazendo isso no momento em que
deveria estar fazendo qualquer outra coisa, naquela tarde ela simplesmente não
conseguiu se controlar.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">João ajeitou-se na cadeira, interessando pelas
implicações psicológicas de sua personagem. Achou que deveria definir sobre o
que ela estava escrevendo. Assim como ele, Molly não parecia ter muito planejamento
– deixava as palavras lhe conduzirem. Nesse momento, contava a história de um
personagem homônimo ao seu criador.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Há cerca de duas semanas, o <i>seu</i> João tinha sido chutado por uma namorada de longa data, com
quem ele sempre acreditara que iria se casar. Ficara um tanto quanto
desnorteado com essa mudança brusca em sua vida, e agora seu humor alternava-se
entre um estado depressivo e um conformado. Por um lado, todos os seus
objetivos haviam se dissolvido. Por outro, sempre poderia encontrar
novos. Afinal de contas, era jovem. Bom, é claro que isso depende do ponto de
referência. Mas não tinha pressa em formar uma família. Podia aproveitar para
se dedicar a sua carreira, quem sabe viajar, conhecer aqueles países sobre os
quais crescera ouvindo falar. No momento, não tinha muito dinheiro, mas
oportunidades estavam aparecendo, então quem sabe? Claro que precisava antes
comprar um carro - poderia dormir pelo menos uma hora a mais de manhã se
pudesse ir de carro ao trabalho. Como fazia faculdade à noite, isso faria
bastante diferença. Mas também tinha que lembrar que estava com o aluguel
atrasado, então talvez o carro ficasse pra mais tarde. O carro, a viagem, a
família... parecia que a vida estava sempre sendo adiada.<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Pensando
nisso, na verdade, talvez nunca se casasse. Talvez fosse a hora errada para
chegar a essas conclusões, mas não conseguia se ver casado com mais ninguém que
não fosse <i>ela</i>. Nem conseguia se ver saindo com mais ninguém. Algo
parecido com desespero criou um nó em sua garganta, e ele sacudiu a cabeça para
espantar esses pensamentos. Um gato miou na rua, alguns cachorros latiram, e
ele saiu da janela, sentou-se a mesa e puxou uma vela para perto do caderno de
anotações. Começou a fazer alguns rabiscos.</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Molly se inclinou por sobre o ombro de
João para ver o que ele estava escrevendo. Ficou espantada ao ver que seu nome
constava no texto. João ergueu a cabeça. Seus olhares se encontraram, e ambos
sentiram um profundo arrepio na espinha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Seus universos se embaraçaram, e não se sabia mais
quem pertencia a quem.<o:p></o:p></span></div></div></span></div></div></div></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-41488870882162666192011-11-24T07:07:00.001-03:002013-10-19T18:48:05.002-03:00A Luz dos Olhos Dela<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Nós nos conhecemos no ponto de ônibus. Eu a via todos os
dias de manhã. Ela estava sempre com os fones de ouvido, olhando para o além.
Seus olhos eram muito interessantes, redondinhos, de uma cor indefinida entre
verde e azul. Às vezes pareciam verdes e brilhantes, às vezes azuis e
profundos. De qualquer forma eram adoráveis. Até insuportavelmente adoráveis.
Eu quase poderia comê-los...”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Comê-los?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- É. E ela era tão bonita. Quer dizer, quando estava lá
fitando o vazio não parecia grande coisa, mas às vezes ela dizia “bom dia” com
um sorriso... quando ela sorria, ficava completamente estonteante...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Desculpe, mas você disse algo sobre vontade de comer os
olhos?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ele pareceu atordoado, como se acabasse de acordar de um
devaneio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- O quê?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O doutor se inclinou para frente, franzindo o cenho.<br />
- Você comeria os olhos dela?<br />
O paciente, confuso, respondeu com uma careta. <br />
- Claro que não.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Como você está encarando o seu desaparecimento?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Agora o paciente pareceu genuinamente perdido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Desaparecimento de quem?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao chegar em casa, a primeira coisa que ele fez foi constatar que seu par preferido de globos oculares ainda estava lá, bem conservado. Aliviado, gastou um tempo admirando-os e depois foi dormir alegre e sem preocupações.</div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-50773037615377225502011-10-02T22:45:00.000-03:002013-10-19T18:48:31.625-03:00(Des)encontro<div style="text-align: justify;"><i>Esses dias achei por aqui a música que um amigo meu fez sobre o texto abaixo, postado pela primeira vez há uns dois anos no antigo blog. Isso tudo me fez lembrar do porque eu gostava tanto desse texto, então resolvi postar de novo, sem nenhuma alteração.</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;">Ele fazia aquela viagem todos os dias. Sempre pegava o mesmo ônibus, para o mesmo lugar, logo depois de comer sempre a mesma coisa no café. Gostava das coisas desse jeito, em seus devidos lugares, tudo como sempre foi - ninguém sabe o que se pode acontecer quando você pega outro ônibus, ou come biscoitos ao invés de torradas.Um dia, enquanto esperava o ônibus, uma mulher sentou-se ao seu lado. Ele nunca a tinha visto até então. No início não deu atenção, mas em um momento qualquer seus olhos se encontraram, e ele descobriu que não poderia sair dali sem saber quem era ela. Distraiu-se, pensando em uma maneira de puxar assunto, até que o ônibus chegou, ele entrou e foi embora, sentindo que deixara uma parte de si para trás.<br />
Eles nunca mais se viram. Ele seguiu com sua vida assustadoramente tranqüila, pegando todo o dia o mesmo ônibus, para o mesmo lugar, procurando à mesma coisa.<br />
Sempre lhe disseram que quando a visse, saberia.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-25148146474551218702011-09-23T08:44:00.000-03:002013-10-19T18:48:56.577-03:00A Verdade de Lugar Nenhum<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Era uma vez um jardim ensolarado, cercado por muros, no meio de Lugar Nenhum. As pessoas de lá costumavam viver felizes para sempre.</div>
<div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dia, dois amigos foram passear perto das fronteiras e encontraram um bichinho estranho preguiçosamente acomodado numa raiz saliente. Era como um ratinho, listrado e gordo, com olhos pretos de fuinha, realmente adorável.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Eu nunca vi um desses! – exclamou a moça, se abaixando para examinar mais de perto – O que você acha que é?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O rapaz se aproximou também, mas estava concentrado na muralha que separava o jardim do mundo exterior. Pela primeira vez percebeu que havia uma fenda, quase um buraco, de tamanho suficiente para deixar passar um animalzinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
- Eu acho que veio de fora.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os dois se entreolharam e nunca mais foram felizes para sempre.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-82320268513501721062011-05-26T09:32:00.000-03:002013-10-19T18:53:14.207-03:00I've Got a Feeling<div class="MsoNormal" style="text-align: left;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;">Cada músculo do seu corpo doía como se tivesse corrido uma maratona. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;">Seus olhos estavam inchados de sono. Tinha uma pilha de coisas para fazer lhe esperando em casa. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;">Algumas pessoas queridas estavam com raiva. Algumas coisas estavam saindo erradas.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;">Andava pela rua seguindo o ritmo de uma música suave que ressoava em sua mente. Não cantava em voz alta porque não tinha energia nem mesmo para isso.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">Sorria.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">As pessoas que olhavam de longe deviam achar que estava bêbada. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right;"></div><div class="MsoNormal">Não importava se nada mais desse certo a partir de agora. Ela estava dentro de um sonho sobre um sonho que viveu.E nem importava se isso não fizesse sentido. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;">Ela estava feliz. E só.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-67614807284348461032011-05-09T22:14:00.000-03:002013-10-19T18:50:56.142-03:00(Des)esperança<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Desespero.</i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O Medo provindo do que é inevitável.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Tentar mudar o imutável, abraçar o infinito, conquistar o inexpugnável.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Confrontar os gigantes de armaduras de aço enquanto munido apenas do que quer que lhe motive.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Conforto, ambição, paixão, glória. Sonho. Salvação.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Tentação.</i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ninguém pode ouvir seus gritos. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Torturando o corpo com o trabalho árduo, sem nenhuma razão aparente.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A cama parece tão confortável, mas a alma teme jamais se levantar uma vez encontrado o descanso.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Razão.</i><br />
<i><br />
</i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Desviar a atenção da busca pelo fim dessa sufocante falta de sentido.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Criar um sentido. Fingir um sentido.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Procurar algo que lhe aquiete o espírito.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Algo que venha com a certeza de que este tortuoso caminho vai dar exatamente onde se quer chegar.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Que o fim é puro, feliz e verdadeiro. Que vai secar suas lágrimas, cicatrizar suas feridas e preencher o vazio de sua alma. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Medo.</i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Crescente, sombrio, reprimido, recolhido. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Veja aquela pedra: está escrito que não há nada na outra extremidade.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E justo ela, a mais a absoluta das fontes, está errada. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Precisa estar. Pois senão esta alma seria mais uma jogada ao desespero.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Cada gota de sentido, cada mísera justificativa em que foi estruturada esta alma que vos fala se dissolveria como açúcar na água. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i>Salvação.</i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<i> </i> </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Já não é mais a fé que mantém esta alma na estrada. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
É a certeza de que é preciso ter alguma certeza, ainda que seja apenas a certeza de estar sempre a procurá-la.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<i></i></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-57272343052866592562011-04-25T11:41:00.000-03:002013-10-19T18:50:14.833-03:00O Frio<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O dia estava cinzento. Pequenos blocos de gelo formavam um tapete irregular sobre o asfalto e a grama em frente às casas. Uma neblina densa e fantasmagórica tomava conta da região. A única coisa que parecia minimamente viva nesta paisagem era aquele homem de casaco cinza, gorro preto e cachecol, que deixara a mercê do frio apenas dois olhos lacrimosos e um nariz avermelhado. </span></div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Neste mesmo momento em que sentamos em nossas poltronas defronte as janelas para observá-lo, ele está pensando sobre como, por mais que se cobrisse dos pés a cabeça, o frio parecia nunca ficar de fora. Ele vinha através das gotículas de chuva que penetravam suas roupas de lã. Vinha através do vento que chicoteava a parte exposta do seu rosto. Vinha através da neblina que parecia contaminar o ar que ele respirava, congelar seu coração, se espalhar pelo seu corpo e chegar até a sua alma.</span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O que ele não percebeu, nem você que está observando, é que ainda mais cruel e inexorável era o frio que vinha dele mesmo e nele se instalava. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-8782324465464339422011-03-18T10:08:00.000-03:002013-10-19T18:50:41.298-03:00Final Alternativo<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Chovia. Duas pessoas andavam na rua, seguindo em direções opostas. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Olívia era uma típica boa moça. Responsável e virtuosa, seguia um código de ética inabalável. Tinha tendência a amar cada grão de poeira existente no universo, e era atraída por tudo o que fosse minimamente peculiar. Fascinava-se por coisas simples, surpreendia-se com coisas bobas. Era uma artista, sonhadora, embora nunca esperasse realizar nada; era realista também, e evitava riscos desnecessários. Gostava de planejar e ter tudo sob controle. O sorriso nunca ausente de seu rosto não deixava transparecer a existência dividida, a alma sonhadora no corpo racional.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">John era um cara atormentado. Tinha suas prioridades e fazia suas próprias regras a partir delas. Era obsessivo com a verdade, queria saber como tudo e todos estavam ao seu redor. Precisava abrir e fuçar cada átomo de ação e sentimento para ver como funcionava. Via o mundo como ele realmente era, sem máscaras nem maquiagens. As pessoas costumavam dizer que isso tirava toda a graça da vida; ele costumava considerá-las covardes. Mas isso também o fazia solitário, amargurado e desencantado com o mundo.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Naquele dia, eles trocaram um sorriso e continuaram por seus caminhos.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um mês depois se encontraram no ônibus, e por algum motivo estranho começaram a conversar. Ela jurava que o conhecia de algum lugar, ele alegava que se a tivesse visto antes, certamente lembraria. Descobriram muitos amigos em comum, trocaram contatos, sentiram vontade de se ver mais vezes. E quanto mais se conheciam, mais precisavam se conhecer. E quanto mais se conheciam, mais brigavam. Ele a achava ingênua, ela o achava triste. Ele queria abrir-lhe os olhos para o mundo, ao mesmo tempo em que invejava a felicidade que sua ingenuidade lhe conferia. Ela queria consolá-lo e deixa-lo feliz, mas era constantemente ferida por seu sarcasmo e desilusão.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois disso eles se afastaram, se aproximaram, se tornaram amigos relutantes. Se apaixonaram, se afastaram de novo, juraram nunca mais se ver.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ele a procurou. Ela fugiu. Tentou seguir em frente, descobriu que não podia. Não podia, porque não queria. Cedeu. Ele hesitou. Sabia que a acabaria magoando. Ela insistiu, ele se deixou convencer.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eles se entregaram: decidiram que precisavam arriscar. No começo era tudo perfeito, mas dois gênios tão incompatíveis não podiam deixar de brigar. Ele tinha medo de se deixar ser feliz. Ela sentia isso, e fazia de tudo para ultrapassar essa barreira. Ele se odiava por não conseguir deixar de recuar.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ele decidiu dar um tempo. Ela sentiu que era um adeus, e já estava cansada dessas idas e voltas. Resolveu acabar com tudo e seguir em frente.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ficaria bonito para os efeitos deste texto se eles nunca mais se vissem, sendo obrigados a seguirem com suas vidas e a arranjarem outro jeito de ser feliz. Ficaria bonito e inicialmente era essa minha intenção, mas eles se recusaram a ceder ao destino traçado na mente desiludida desta narradora que vos fala.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, ao se cruzarem novamente na rua algum tempo depois, ela o obrigou a parar. Depois de cumprimentos vagos e um minuto de silêncio constrangedor, Olívia declarou:</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Senti sua falta.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ele concordou com a cabeça, constrangido. Ela tentou disfarçar as lágrimas que inundaram seus olhos. Ele as viu, e percebeu que tinha causado tudo o que tentara evitar.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Eu só estava tentando te proteger.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Eu só estava tentando te fazer feliz.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Eu fiz tudo errado.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Você sempre faz tudo errado.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Seus olhos se encontraram diretamente pela primeira vez desde que tinham terminado. Ela não pode evitar sorrir, percebendo que o que gostava de ver naquele olhar ainda estava lá. Começou a chover. Ele perguntou se ela precisava dividir o guarda chuva, e a chamou para tomar um café. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eles voltaram aos poucos, depois voltaram de vez, brigaram mais do que nunca e aprenderam a pedir desculpas. Foram se adaptando um ao outro. As discussões foram se tornando menos sérias. Viveram, aprenderam e foram felizes.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A intenção inicial deste texto era que John e Olívia se conformassem e superassem seus problemas. Mas eles se recusaram a se conformar, e decidiram lutar contra as diferenças e a improbabilidade de ficarem juntos. Decidiram lutar pelo que sentiam, e mesmo tendo tudo para dar errado, eles se amavam, e só dessa vez, só nesse texto, isso era tudo o que importava.</div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8305152443533249587.post-32664896019154566992011-03-16T10:37:00.000-03:002011-03-18T10:21:52.303-03:00Bla Bla Bla<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há uns dois anos eu comecei a escrever em um blog. Foi assim, sem saber direito que rumo ia tomar. Eu apenas queria escrever. Dessa forma, meu antigo blog nunca adquiriu uma característica própria. Os textos mais humorísticos sobre coisas do dia a dia ficaram alternados entre contos dramáticos e sombrios, e uns textos mais elaborados e reflexivos. E isso, ao meu ver, atrapalhava o tom do blog.</div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Foi assim que resolvi excluir o Describing Colors e criei o <a href="http://www.o-bla-di-o-bla-da.blogspot.com/">O-Bla-Di-O-Bla-Da,</a> que é onde eu falo sobre o cotidiano, e alguns meses depois criei este aqui. Foi mais demorado por uma questão de nomes. Queria manter o tema Beatles, mas não encontrava nada que não tivesse sido usado antes. <i>Look At All The Lonely People</i> veio da música <i>Eleanor Rigby</i>, e foi escolhido porque a maioria desses meus textos são inspirados em pessoas que observo no ônibus. Se é um bom nome ou não, minha modéstia me impede de opinar (na verdade, é perfeito). Mas vamos parar de falar de nomes e partir para assuntos práticos.</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pretendo repostar aqui alguns dos meus antigos textos, os meus preferidos, devidamente editados. E óbvio que terão novos textos. A frequência de postagem varia totalmente com meu humor, inspiração e semana de provas. Há épocas em que fico com formigas nos dedos e coloco um texto por dia, e há épocas em que fico um mês inteiro, e nos casos graves, meses inteiros sem postar. Isso me fez perder muitos dos meus leitores antigos, eu sei, mas espero que consiga reconquistá-los algum dia. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E por último, eu tenho que pedir: por favor, não reparem a bagunça. Desculpem o layout sem graça e padronizado. Prometo que <i>um dia </i>arrumo, mas estou sinceramente sem tempo (e já não tenho muitas habilidades nessa área), e não via a hora de começar com o blog. </div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E isso é tudo, pessoal. </div>Unknownnoreply@blogger.com0