segunda-feira, 9 de maio de 2011

(Des)esperança

Desespero.

O Medo provindo do que é inevitável.
Tentar mudar o imutável, abraçar o infinito, conquistar o inexpugnável.
Confrontar os gigantes de armaduras de aço enquanto munido apenas do que quer que lhe motive.
Conforto, ambição, paixão, glória. Sonho. Salvação.

Tentação.

Ninguém pode ouvir seus gritos. 
Torturando o corpo com o trabalho árduo, sem nenhuma razão aparente.
A cama parece tão confortável, mas a alma teme jamais se levantar uma vez encontrado o descanso.

Razão.

Desviar a atenção da busca pelo fim dessa sufocante falta de sentido.
Criar um sentido. Fingir um sentido.
Procurar algo que lhe aquiete o espírito.
Algo que venha com a certeza de que este tortuoso caminho vai dar exatamente onde se quer chegar.
Que o fim é puro, feliz e verdadeiro. Que vai secar suas lágrimas, cicatrizar suas feridas e preencher o vazio de sua alma.

Medo.

Crescente, sombrio, reprimido, recolhido.
Veja aquela pedra: está escrito que não há nada na outra extremidade.
E justo ela, a mais a absoluta das fontes, está errada.
Precisa estar. Pois senão esta alma seria mais uma jogada ao desespero.
Cada gota de sentido, cada mísera justificativa em que foi estruturada esta alma que vos fala se dissolveria como açúcar na água. 

Salvação.
 
Já não é mais a fé que mantém esta alma na estrada.
É a certeza de que é preciso ter alguma certeza, ainda que seja apenas a certeza de estar sempre a procurá-la.

3 comentários:

  1. Parabéns! Ficou muito bom! continue escrevendo. tem o meu apoio ;D

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  2. Muito bom ler seus textos no almoço em voz alta

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  3. Esses textos artísticos dão vontade de entrar na sua cabeça e procurar o quartinho onde foi trancafiada a memória inspiradora deles.

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