quinta-feira, 26 de maio de 2011

I've Got a Feeling

Cada músculo do seu corpo doía como se tivesse corrido uma maratona. 
Seus olhos estavam inchados de sono. Tinha uma pilha de coisas para fazer lhe esperando em casa. 
Algumas pessoas queridas estavam com raiva. Algumas coisas estavam saindo erradas.

Andava pela rua seguindo o ritmo de uma música suave que ressoava em sua mente. Não cantava em voz alta porque não tinha energia nem mesmo para isso.

Sorria.
As pessoas que olhavam de longe deviam achar que estava bêbada. 

Não importava se nada mais desse certo a partir de agora. Ela estava dentro de um sonho sobre um sonho que viveu.E nem importava se isso não fizesse sentido.

Ela estava feliz. E só.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

(Des)esperança

Desespero.

O Medo provindo do que é inevitável.
Tentar mudar o imutável, abraçar o infinito, conquistar o inexpugnável.
Confrontar os gigantes de armaduras de aço enquanto munido apenas do que quer que lhe motive.
Conforto, ambição, paixão, glória. Sonho. Salvação.

Tentação.

Ninguém pode ouvir seus gritos. 
Torturando o corpo com o trabalho árduo, sem nenhuma razão aparente.
A cama parece tão confortável, mas a alma teme jamais se levantar uma vez encontrado o descanso.

Razão.

Desviar a atenção da busca pelo fim dessa sufocante falta de sentido.
Criar um sentido. Fingir um sentido.
Procurar algo que lhe aquiete o espírito.
Algo que venha com a certeza de que este tortuoso caminho vai dar exatamente onde se quer chegar.
Que o fim é puro, feliz e verdadeiro. Que vai secar suas lágrimas, cicatrizar suas feridas e preencher o vazio de sua alma.

Medo.

Crescente, sombrio, reprimido, recolhido.
Veja aquela pedra: está escrito que não há nada na outra extremidade.
E justo ela, a mais a absoluta das fontes, está errada.
Precisa estar. Pois senão esta alma seria mais uma jogada ao desespero.
Cada gota de sentido, cada mísera justificativa em que foi estruturada esta alma que vos fala se dissolveria como açúcar na água. 

Salvação.
 
Já não é mais a fé que mantém esta alma na estrada.
É a certeza de que é preciso ter alguma certeza, ainda que seja apenas a certeza de estar sempre a procurá-la.